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sábado, 12 de janeiro de 2013

Critica: Kon-Tiki




Tiki era o nome do povo milenar que habitava a Polinésia.

Em 1947, Uma expedição Norueguesa, parte pelo pacifico afim de provar a teoria proposta pelo historiador Thor Heyerdahl (Pal Sverre Valheim Hagen), de que a Polinésia havia sido povoada por descendentes Peruanos e não por asiáticos como se acreditava à época.

Para isso, ele na companhia de mais 5 homens, resolvem provar sua teoria construindo uma jangada tal qual se fazia a 1500 anos atrás, e se lançar ao mar, provando que tal embarcação resistia a travessia entre os dois continentes e que por isso sua teoria estava correta.

O filme que conta com direção de Joachim Rønning e Espen Sandberg, narra de forma poética e épica esta trama, que por mais fabulesca que pareça ocorreu de verdade. É baseado em fatos reais.
Contando com uma produção ousada e grandiosa, o filme possui uma fotografia espetacular, em tons claros, viva que lembra o tom épico tratado pelo cinema europeu e americano para obras assim.

O roteiro bem composto peca porem ao doar uma idolatria por vezes exacerbada demais ao 6 viajantes. Eles são caracterizados como homens destemidos, passiveis de erros e falhas. São sempre nos mostrado como homens valorosos e corajosos, com inteligencia e determinação. Compreensível dada a importância do fato histórico para o pais, mas no filme a ideia recai na monotonia que incomoda.

Com total ausência de arco dramático, como por exemplo algum conflito valido alem do obvio de saber se a estrutura da jangada suportaria ou não a jornada, a narrativa ainda se utiliza de uma trama paralela de romance entre Thor e sua esposa que não funciona. Não há motivos para estar ali. Tanto que sua resolução se apresenta tão errada que é difícil não se entristecer por algo tão falho estar ali quase destruindo um trabalho tão primoroso. Falta emoção ou identificação.

As atuações são moderadas mas corretas do inicio ao fim.

No inicio, ha uma subtrama - que faz um gancho com o romance de Thor e sua esposa- no qual o roteiro nos mostra as possíveis ambições e motivações de Thor em provar sua teoria. Logo no incio Thor ainda criança demonstra um desejo latente de subverter regras e de ir alem dos limites, sem se preocupar com o medo. Alias aqui entra um detalhe interessante no roteiro acerca do personagem: ela não sabe nadar. 

O filme retrata a luta eterna do Homem contra a força da natureza. A mesma força que salva é a que pode destruir. Mostra o Homem tão pequeno diante da imensidão de um planeta inteiro.

Pois sim, Kon-Tiki é grandioso. Possui uma trilha sonora coesa, diálogos assertivo e uma qualidade técnica invejável. Mas esta longe de ser uma obra prima para o gênero. Sua valia esta em remontar as antigas jornadas marítimas de forma inventiva em sua linguagem sem enrolação.
O trabalho de caracterização também é excelente, e ao longo da projeção a maquiagem faz um trabalho bem feito de tornar os personagens a cada dia mais exaustos, magros, sujos e queimados pelo sol, devido ao sal do mar e aos dias e noites longas de perigo eminente.

Com efeitos visuais e especiais de ponta o filme ainda surpreende ao ter um átimo de inspiração e criar uma montagem de um plano longo que vai do azul do fundo do mar do pacifico ate a mais longínqua estrela do universo e voltar para o mar, nos dando a sensação exata de como tal aventura foi perigosa, ousada e grandiosa tal qual o filme que a resgatou.

Ao longo da viagem Thor com o auxílio de uma câmera de mão, registra a viagem, ao qual se tornou um documentário vastamente comentado à época e premiado, conseguindo vencer o Oscar de Melhor Documentário de 1951.

Alias esse ponto é um detalhe crucial para fazer do filme um deleite aos olhos. Todas a cenas em que um dos tripulantes surge com a câmera antiga nas mãos para registrar sua jornada, o filme utiliza efeitos visuais que intercalam montagens em preto e branco da expedição/documentário original e real de 1947. Introduzindo na sonoplastia sons característicos dessas câmeras antigas. Um deleite a parte e uma ideia inspirada dos diretores.

Mas é de seu clímax que fica o maior mérito de Kon-Tiki. Numa sequência repleta de tensão e adrenalina que leva o espectador a ponta da cadeira, mesmo já sabendo a resolução que terá, numa edição ágil com planos difusos muito bem conduzidos.

O filme esta concorrendo ao Oscar  2013 de Melhor Filme Estrangeiro. Não merece vencer tal categoria, mas merece sim estar entre os indicados. Pela ousadia de nos entregar um filme bem produzido e gostoso de se apreciar.


Trailer




Ficha Técnica 

Diretor: Joachim Rønning, Espen Sandberg
Elenco: Pål Sverre Valheim Hagen, Anders Baasmo Christiansen, Gustaf Skarsgård, Odd Magnus Williamson, Tobias Santelmann, Jakob Oftebro, Agnes Kittelsen,
Produção: Aage Aaberge, Jeremy Thomas
Roteiro: Petter Skavlan, Allan Scott
Fotografia: Geir Hartly Andreassen
Trilha Sonora: Johan Söderqvist
Duração: 118 min.
Ano: 2012
País: Reino Unido, Noruega, Dinamarca
Gênero: Aventura







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