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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Critica: Hitchcock



Baseado no livro aclamado 'Alfred Hitchcock and the Making of Psycho' de Stephen Rebello, Hitchcock cinebiografia com direção de Sacha Gervasi, promete mostrar detalhes da produção de um dos maiores e mais clássicos filmes da historia do cinema mundial, e redescobrir assim o gênio por traz dessa obra, o diretor considerado quase que por unanimidade por critica, publico e realizadores, o melhor diretor de cinema de todos os tempos, que carrega o titulo ate hoje de Mestre dos Suspenses; Alfred Hitchcock.

“Psicose” é um dos mais audaciosos filmes de Alfred Hitchcock, em termos de roteiro. O roteiro é de Joseph Stefano, e é baseado em um  livro de mesmo nome de Robert Bloch. O roteiro de Psicose vai contra todas as regras básicas de condução e estrutura clássicas de roteiro, na forma de conduzir e montar um suspense.

A secretária Marion Crane (Janet Leigh) rouba 40 mil dólares para se casar, e no meio do caminho hospeda-se em um motel de beira de estrada onde é assassinada. Sim, esta é a protagonista. E sim, ela é assassinada em menos de 30 minutos de projeção.

“Psicose” é de 1960, uma época em que já se filmava películas em cores, mas foi realizado em preto e branco por opção do próprio Alfred Hitchcock, que considerava que a cor no filme o deixaria ensanguentado demais. E como o filme é preto e branco, o sangue usado no filme na verdade é uma calda de chocolate.

O filme custou apenas US$ 800 mil para os Estúdios Shamley Productions, e faturou mais de US$ 40 milhões de bilheterias só nos EUA. Para economizar nos custos de produção, Hitchcock resolveu  utilizar em Psicose boa parte do elenco de sua série exibida na TV americana “Além da Imaginação”. Uma vez que o orçamento saiu do próprio bolso de Hitchcock, pois pelo cunho audacioso do projeto, nenhuma produtora queria aceitar seu financiamento, sem falar na censura da época que via com maus olhos as cenas de assassinato e nudez que por ventura pudesse surgir no longa.

Mas apesar de Hitchcock o filme pretender e prometer em sua sinopse uma cinebiografia contando tudo isso, o que se vê em tela, é uma comedia dramática, repleta de sarcasmos a moda Hitchcock é verdade, mas que em nada tem haver com uma cinebiografia por assim dizer.

O roteiro de John J. McLaughlin e Stephen Rebello passeia pela vida intima de Hitchcock muito superficialmente. Mais explicitamente, na sua relação com sua mulher Alma. 
Entre cenas de ciúmes e interação entre os dois, o filme vai montando um arco narrativo que foca única e exclusivamente no casamento de Hitchcock com sua esposa e nos problemas que surgem em seu casamento, na mesma época que estava sendo realizado Psicose. Psicose, o filme; surge aqui apenas como pano de fundo para contar esse romance dramático cômico entre os dois.

Pouco, ou quase nada se mostra da concepção do filme Psicose, ou mesmo dos manejos e técnicas de Hitchcock nas filmagens e elaboração de tramas. Com exceção de uma montagem, que sugere sonhos psicóticos do diretor onde ele se conecta com uma persona desconhecida, que vai lhe dando ideias de como montar uma cena, ou a de como descobrir por exemplo que no seu banheiro há vestígios de areia da praia. 
O personagem em questão assume por vezes a persona do icônico Norman Bates, o famigerado personagem dono da estalagem onde a protagonista de Psicose é assassinada.

Mesmo que a premissa pelo qual o filme tenha sido vendido seja falsa, o desenvolvimento do filme é bom, dentro da proposta que ele assume logo no inicio da projeção.

Nesse sentido Hitchcock é funcional, como uma drama cômico que utiliza da persona do mestre dos suspenses para contar seu romance negro. 
Se encararmos o filme dessa maneira; Ótimo. Mas se não...

Os diálogos assumem um papel importante no desenvolvimento das cenas, uma vez que é um deleite ouvir certas tiradas cômicas repleta de sarcasmos e ironias vindos principalmente de Helen Mirren, muito bem em seu papel de Alma.

Alma é outro personagem que é, talvez, ate mais trabalhado do que o próprio Hitchcock, uma vez que mais da metade da projeção, foca em construir sua personalidade e suas motivações para os atos que comete durante o longa. É mostrado uma esposa colaborativa mas que renuncia a seu talento em prol do talento maior que era Hitchcock – essa é a impressão que se tem ate metade do filme-; mas que é destoado, apontando-a como essencial elemento no nome que Hitchcock tem ate hoje mais para o final do filme.

Anthony Hopkins aparece irreconhecível como Anthony e assume quase que completamente a persona de Hitchcock, seus trejeitos, sua impostação de voz, sua postura corporal, seu modo de andar. A maquiagem que aqui assume um papel importantíssimo também, cumpre seu papel magnificamente nessa caracterização, apesar de as próteses usadas no rosto de Hopkins pecarem um pouco, pela imobilidade que deram as suas feições.

Contando ainda com Scarlett Johansson e Jessica Biel como as musas de Hitchcock, o filme traz uma assustadora surpresa; James D'Arcy que encarna completamente o ator lendário Anthony Perkins que interpretou em 1960 Norman Bates em Psicose. A semelhança entre os atores é assustadora de tão verossímil.

O filme ainda possui uma gostosa trilha sonora e uma direção de arte cuidadosa, com uma fotografia vibrante e muito delineada, com alguns tons em vermelho, amarelo e verde saturados, o que dá ao filme uma beleza visual bem interessante sem nos retirar daquela época proposta.

Ao final, ficam duas certezas: 
Hitchcock, o diretor; realmente foi e ainda é um gênio absoluto da sétima arte e da indústria cinematográfica, Hitchcock, o filme; nada mais é do que uma homenagem singela- bem singela- a este ícone, mas mais ainda a esposa desse ícone, Alma Riville. Ela era afinal a grande loira fatal que Hitchcock sempre tentava projetar em suas personagens.

Alfred Hitchcock provavelmente ignoraria completamente esse filme, mas como não somos ele, e francamente ninguém jamais conseguira ser, o filme vale a pena, por conseguir entreter, causar interesse numa figura lendária e principalmente aos fãs de Alfred, por nos brindar com a chance de ‘conversarmos’ com o mestre em tela, mesmo que este seja apenas um eco de meia luz do que foi o Grande Corvo um dia.


Trailer


Ficha Técnica

Diretor: Sacha Gervasi
Elenco: Anthony Hopkins, Scarlett Johansson, Jessica Biel, Toni Collette, Helen Mirren, Danny Huston, Michael Wincott, Kurtwood Smith, Michael Stuhlbarg, James D'Arcy, Wallace Langham, Tara Summers, Currie Graham, Frank Collison, Gil McKinney, Richard Portnow, Mary Anne McGarry
Produção: Joe Medjuck, Ivan Reitman, Tom Thayer, Alan Barnette
Roteiro: John J. McLaughlin, Stephen Rebello
Fotografia: Jeff Cronenweth
Ano: 2013
País: EUA
Gênero: Drama










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