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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Critica: Beasts of the Southern Wild (Indomável Sonhadora)



Hushpuppy tem seis anos e vive no delta de um rio na Louisiana, em uma comunidade isolada, com seu pai Wink. Sua mãe desapareceu há algum tempo. Quando uma tempestade levanta as águas ao redor de seu vilarejo, Wink subitamente adoece. Logo a natureza se altera e criaturas pré-históricas despertam de suas sepulturas congeladas, os aurochs. Ela vê seu harmônico universo em colapso. Enquanto luta para sobreviver à catástrofe, a pequena heroína decide ir à procura de sua mãe.

Essa sinopse consegue fazer jus em parte a esse filme que consegue surpreender pela leveza e peso com que conduz sua narrativa conturbada e humana.

A jovem Hushpuppy desde a primeira cena em que surge, já prende nossa atenção e ganha nossa devoção e torcida por um futuro melhor, seja La qual esse for.
Uma garota repleta de imaginação, mas de face sempre seria e concentrada, entre o medo e a bravura, que é ensinada pelo pai autoritário, ríspido, mas que demonstra em pequenos gestos nutrir um amor incondicional pela cria, a ser forte e literalmente se tornar uma sobrevivente, nem que para isso destrua alguns traços de sua feminilidade e inocência nela.

É notável o modo que o diretor escolheu tornar tudo tão real a ponto do filme adquirir traços de documentário. O ambiente é inóspito. A trilha sonora surge apenas para embalar pequenas divagações de imaginação da garota, que cria fabula e lendas antigas para tentar entender esse mundo ao qual é submetida. Nesse mundo criado por ela, ela é a heroína, ela é ‘A VERDADEIRA PATROA DO MUNDO’. Os animais e o meio ambiente se interferem conforme seus atos. E já com sua pouca idade, ela demonstra entender que escolha e consequência andam juntas.

Com narração em off, ela nos conta e conduz através da narrativa o que ela acredita ser parte de suas aventuras rumo a eternidade. Tal quais os homens das cavernas, ela registra em forma de pensamentos e desenhos nas madeiras do barraco onde mora, o que acontece com ela.

E aqui surge um pequeno problema. 

Apesar da narração em off ser um auxilio mais que perfeito para a proposta do enredo, por dá a chance de compor uma personagem mais completa e complexa. Pois a pequena garota é em si introspectiva. Seu mundo, ao redor é bruto. Assim ela naturalmente se fecha para seu mundo fantástico, que é igualmente perigoso e nocivo, mas que ela de alguma maneira controla. Com a esperança de reencontrar sua mãe, que os abandonou- é o que aparenta. Mas as reflexões que ela faz, não condizem com sua idade. Por mais madura que ela tenha sido obrigada a se tornar, é demais esperar tais pensamentos e lógica de uma garota de apenas seis anos de idade.

A câmera na mão, sempre nos permeia para compor ainda mais um ambiente de urgência.

Um filme bonito, pesado se considerarmos o que ele demonstra, a face que ele revela. Que é resumido numa perda que a garota sofrida, mas forte sofre, e logo após a cena em que ela olha sem demonstrar emoção alguma, a um animal morto deteriorado, totalmente aberto e podre.

Mas tudo culmina num único sentido: a relação pai e filha, cria e criador.

Um filme lindo, bem feito e reflexivo. E tal qual seu nome- original não essa besteira de tradução que trouxeram para cá- Animais do Sul Selvagem (em tradução livre) mostra que nos humanos no final das contas somos o que somos animais em busca de sobrevivência.





Ficha Técnica

Título no Brasil: Indomável Sonhadora
Título Original: Beasts of the Southern Wild
País de Origem: EUA
Gênero: Drama / Aventura
Tempo de Duração: 93 minutos
Ano de Lançamento: 2012
Direção: Benh Zeitlin
Elenco: Quvenzhané Wallis, Dwight Henry, Levy Easterly, Lowell Landes, Pamela Harper, Gina Montana.





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