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quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Terminologias Cinematográficas basicas

Plongée, contra-plongée, travelling, plano médios, close,  plano fechado, plano americano, fade-in, fade-out, decupagem, montagem, fusão, sequência, tomada, enquadramento...


Resolvi criar um post explicando algumas terminologias cinematográficas que uso aqui no blog. Muitas vezes o leitor vem, ate gosta da critica feita, assiste ao filme, mas não consegue compreender com exatidão o que são tais terminologias. 

Não sou crítico de cinema, sou apenas um cinéfilo  estudante de cinema, assim como muitos que visitam o blog, assim sendo nada mais justo do que tornar os textos cada vez mais acessíveis  fornecer argumentos e justificativas para tais opiniões sim, de forma embasada, mas de maneira que todos entendam.

Em tempo, se tiverem alguma outra terminologia que tenham lido aqui, ou em outro blog e não compreenderam seu significado, sintam-se a vontade para compartilhar tal duvida nos comentários desse post, que procurarei responder.



Planos e Enquadramentos

Plongée e Contra-Plongée

Plongée vem da palavra francesa “mergulhar” e consiste quando a câmara está posicionada acima do seu objeto filmado que é visto, portanto, em ângulo superior. Geralmente esse recurso é utilizado para elucidar as sensações internas do personagem diante de um outro, diante do espectador ou situação.
Um exemplo é quando quer se passar a ideia de que tal personagem é inferior, esta amedrontado, acuado talvez. Vemos a cena de cima, por tanto estamos superiores a ele, nós ou outro personagem ou situação na cena.



Já o Contra-Plongée é o inverso, e consiste quando a câmera esta enquadrada abaixo de seu objeto filmado, que é visto por tanto em um ângulo inferior.

Por exemplo, se o diretor quer caracterizar certo personagem como uma persona autoritária, utiliza-se o Contra-plongée, para dar a ideia de que estamos inferiores a visão dele. Ele esta acima de nossa visão.



Travelling

Travelling é o plano em que a câmara se desloca, horizontal ou verticalmente, aproximando-se, afastando-se ou contornando os personagens ou objetos enquadrados, sendo para isso utilizado algum tipo de veículo (carrinho), sobre rodas ou sobre trilhos, ou com a câmara na mão ou ainda com algum tipo de estabilizador.

Existem vários tipos de Travelling, os mais comuns são de Afastamento e de Aproximação. O primeiro consiste na câmera se deslocando do cenário, geralmente a fim de mostrar que estamos saindo daquele ambiente.
E o de aproximação é justamente o que o nome sugere, é a câmera se deslocando, se aproximando do cenário.
 Exemplo de travelling's:




Panorâmica 

É o plano em que a câmara, sem se deslocar, gira sobre seu próprio eixo, horizontal ou verticalmente. Este recurso é usado geralmente para mostrar de forma eficaz e rápida o ambiente em que se esta.


Enquadrar 

É o termo utilizado para designar a escolha do câmera em posiciona-la na hora da gravação, afim de determinar o que será mostrado em tela.

Planos

Os planos são basicamente o intervalo que há entre dois cortes. Plano é considerado a menor unidade fílmica. Mas ao contrario da Cena, ele não tem que ter necessariamente significado.
É em resumo o plano que inicia-se sempre que a câmera é ligada para a captação de imagens e termina quando ela é desligada. Neste sentido, a noção de plano confunde-se muitas vezes com a de tomada. No entanto, no cinema ficcional, um mesmo trecho narrativo pode ser encenado e filmado várias vezes de um mesmo ponto de vista, constituindo várias tomadas de um mesmo plano. Portanto, na filmagem, cada tomada é uma tentativa de rodar um plano.
Os planos são determinados através de uma serie de critérios e assim classificados.
Na montagem, uma serie de planos são eliminados ou editados para definir ritmo de velocidade e duração ao filme e a cena.
Além disso, se foram rodadas várias tomadas de cada plano, o montador deverá escolher qual delas é a melhor, levando em conta critérios de interpretação dos atores, qualidade técnica da fotografia, movimentos de câmara, som, enquadramento, etc. Portanto, na montagem, cada tomada é uma opção de plano.

O menor plano em consideração a sua duração é chamado de Plano-Relâmpago e dura menos de um segundo, correspondendo quase a um piscar de olhos. E o maior é chamado de Plano-Sequência.
  Um otimo exemplo de plano sequencia se encontra no clipe "Oração" da Banda Mais Bonita da Cidade:



Mais tipos de Plano segundo seus enquadramentos: 

Plano geral: mostra uma paisagem ou um cenário completo. É também chamado de Plano Aberto.

Plano médio: mostra um trecho de um ambiente, em geral com pelo menos um personagem em quadro.

Plano americano: mostra um único personagem enquadrado não de corpo inteiro (da cabeça até a cintura, ou até o joelho).

Primeiro plano: mostra um único personagem em enquadramento mais fechado que o plano americano (em muitas situações, o primeiro plano é considerado sinônimo de close-up).

Close-up (ou apenas close): mostra o rosto de um personagem.

Plano detalhe: mostra uma parte do corpo de um personagem ou apenas um objeto. É chamado também de Plano Fechado.


Decupagem

É o ato de planejamento e designação de planos, posição de câmera, tipos de lentes de câmera  sequencia e enquadramentos no roteiro final do filme. Em alguns casos, há também a especificação de cortes das cenas.

Montagem, e Edição

Montagem é o ato de recortar, colar, juntar, unir e criar uma narrativa, uma sequencia de acordo com o especificado pelo diretor ou no roteiro, resultando assim no produto final que é o filme. Em resumo é a união dos planos criando uma cena.
O trabalho do montador consiste justamente em escolher a melhor tomada de um plano para conceber seu trabalho.

Chamamos de Edição o processo de corte e montagem de imagens em movimento captadas. É a edição que determina a linearidade ou não linearidade da narrativa fílmica. A edição é basicamente a ordem das imagens gravadas na sequência em que o vídeo será apresentado.
Não se deve confundir montagem e edição. A montagem visa juntar planos e sequencias a fim de auxiliar a edição em impor fluxo e velocidade ao filme.
A edição vem depois da montagem a fim de finalizar todo o processo.
A edição de um filme é de extrema importância, uma vez que a maioria dos filmes não segue ordem cronológica de cenas filmadas.
É trabalho da edição se assegurar por exemplo, que a continuidade de cenas seja coerente.


Cena

Cena consiste na menor unidade fílmica com significado de um filme. Nela esta contida o desenrolar de tempo e espaço no filme, roteiro. Em resumo é o conjunto de união de uma serie de planos.

Sequencia

É a maior unidade fílmica, que geralmente contem elipses de tempo/espaço e consiste numa grande união de cenas sem cortes. Quando a sequencia é filmada numa única tomada sem cortes, chamamos esse feito de Plano Sequencia.

Tomada

É o ato de capturar as imagens para o filme, repetidas vezes ate se obter a mais acertada para a concepção do mesmo. Uma única cena, pode conter infinitas tomadas a fim de se obter sua perfeição. Uma tomada pode ser refeita inúmeras vezes, seja porque a iluminação não estava boa, o enquadramento não estava correto, o ator errou o texto, a câmera esta desfocada; se repete a tomada ate que se obtenha o resultado esperado. Também chamado de “take”, a tomada é em resumo, uma gravação de Áudio e vídeo sem interrupções. Cada tomada formara um plano. A tomada é cada captura de determinado plano no filme.
A tomada se torna uma vasta opção de possibilidades na montagem de concepção de uma cena.
A terminologia Plano e Tomada só é utilizada e diferenciada no ato de gravação e construção de um filme. Após o filme pronto, não há mais distinção das duas expressões.

Corte

Corte na película, é o ato de literalmente cortar, interromper a gravação. No filme, é o ato de interromper uma sequencia entre os planos de uma cena. Geralmente após o corte, há mudanças de enquadramentos e planos.

Fusão

É o efeito, de mesclar uma imagem a outra, um plano e outro. É a passagem de tempo imagética através da sobreposição de imagens, uma pela outra. Nessa sobreposição geralmente há mudança de espaço e tempo, e é muito utilizado na montagem e nas elipses.


Fade-In e Fade-Out

É semelhante a fusão, mas neste caso, é a sobreposição, mudança gradual de uma imagem em tela para o escuro ou vice e versa.
Fade-In é a gradativa emersão da imagem de um ambiente totalmente escuro. A aparição dela.
Fade- Out é justamente o oposto é a imersão da imagem em um ambiente totalmente escuro.
Alguns filmes utilizam esse recurso para marcar a passagem de uma sequencia para outra. Em filmes episódicos é bem comum também.

Elipses

Elipse é o ato de "pular", mudar o tempo ou ambiente em que a filmagem esta sendo passada. é a passagem de tempo e/ou espaço brusca.
Existe as Elipses de Tempo e as de Espaço.
As elipses são utilizadas por exemplo como recurso para transpor a narrativa mais a frente ou retrocede-la. Isso é visto quando o plano ou cena muda de um mês para outro, ou quando transcorrem horas na narrativa. No caso de espaço, é mostrado quando é apresentado a mudança de ambiente, de um lugar para outro - da casa para o supermercado por exemplo.
A maior elipse de tempo que exista talvez se encontra no inicio do filme "2001 - Uma Odisseia no Espaço". Quando o macaco joga o osso para cima, vemos o osso girar no céu para num piscar de olhos dar lugar a um satélite, no universo a milhões de anos a frente:
(trecho dos 3min.40seg, ate 4min.20seg.)




Ha uma diferença entre Elipses e Flash-Back.
Um flash-back é simplesmente o ato de mostrar uma cena ou acontecimento passado. O ato de mostrar uma cena, acontecimento que esteja a frente do presente da narrativa do filme, é chamado de Flash-Forward.


Um exemplo esta nas cenas em que Harry desmaia e recobra a consciência no filme Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban.
Sempre que ele desmaia é utilizado um Fade-Out, e quando ele recobra a consciência é utilizado o Fade-In.

Num filme - seja um longa metragem, media ou curta metragem - a analise que deve ser feita para compor uma boa critica é ponderar tudo isso acima, as escolhas utilizadas para. Aliados ao trabalho de fotografia (uso das cores, texturas, iluminação, profundidade), sonoplastia (sons e efeitos sonoros de acordo com o que a cena pede), trilha sonora(sua relevância ao atos e a ação na concepção de cena, sequencia, figurino(se condizem com a realidade proposta em tela, se for filme de poca se o tecido, o corte a influencia de tais modelos e acessórios tem haver com o período descrito e com o personagem em questão), maquiagem e etc...
Tudo isso é a parte técnica. Ainda há a parte de roteiro(sua estrutura narrativa, coesão, enredo, diálogos, atos) e atuações, concepções de personagens...

É isso. Esses são apenas alguns itens que compõe um filme. Que definitivamente tem de ser considerado uma arte, pelo trabalho que esconde, as terminações e detalhes extensos de uma massa de pessoas que tem que se empenhar individualmente e em grupo nas mais variadas vertentes. de fato, há muito chão ate se chegar no tapete vermelho...




E agora que tal exercitar essas informações? Recomendo aqui o filme "Um Corpo Que Cai" do diretor Alfred Hitchcock de 1958. e que é considerado um dos 100 Melhores Filmes pelo Instituto Americano de Filmes, e figura na lista dos preferidos na maioria de cinéfilos e cineastas no mundo todo.(inclusive eu)
Ele é um exemplo interessante da utilização de todos esses recursos ou a maioria deles. Tentem identifica-los.

Sinopse:  Em São Francisco, o detetive aposentado John 'Scottie' Ferguson (James Stewart) sofre de um terrível medo de alturas. Certo dia, encontra com um antigo conhecido, dos tempos de faculdade, que pede que ele siga sua esposa, Madeleine Elster (Kim Novak). John aceita a tarefa e fica encarregado da mulher, seguindo-a por toda a cidade. Ela demonstra uma estranha atração por lugares altos, levando o detetive a enfrentar seus piores medos. Ele começa a acreditar que a mulher é louca, com possíveis tendências suicidas, quando algo estranho acontece nesta missão.

Trailer Original:



Ficha Técnica:

Diretor: Alfred Hitchcock
Elenco: James Stewart, Kim Novak, Barbara Bel Geddes, Tom Helmore, Henry Jones
Roteiro: Alec Coppel, Samuel A. Taylor
Fotografia: Robert Burks
Trilha Sonora: Bernard Herrmann
Duração: 128 min.
Ano: 1958
Gênero: Suspense




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